O papel do plantio direto na biodisponibilização de nutrientes no solo.

   Técnicas de conservação do solo tem ganhado cada vez mais importância para garantir a sustentabilidade dos sistemas de produção. Dentre essas práticas, o sistema de plantio direto destaca-se pelos seus benefícios que vão além da melhoria do solo, mas também com o aumento do rendimento das culturas e, consequentemente, a melhor competitividade da produção agropecuária.

   O plantio direto possui três importantes pilares: a ausência ou mínimo revolvimento do solo (1); cobertura do solo com palhada (2); e a rotação de culturas (3). Essa prática ganhou notoriedade a partir dos anos 90 entre os agricultores brasileiros por seus efeitos benéficos sobre os atributos físicos, químicos e biológicos do solo, e atualmente possui diversos sistemas adaptados às mais diferentes regiões e níveis tecnológicos.

 Esse sistema é capaz de reduzir a erosão e o potencial de contaminação do meio-ambiente, além de proporcionar maior garantia de renda por ampliar a estabilidade da produção em relação a métodos convencionais de manejo. Além disso, proporciona também melhor retenção de umidade no solo, economia de combustível e mão de obra, aumento da atividade microbiana do solo, possibilita maior amplitude de semeadura na época certa, manutenção da temperatura do solo em uma faixa ideal para as plantas e melhor germinação de sementes e emergência das plantas.
   Em relação a fertilidade do solo, o sistema permite a manutenção e aumento do teor de matéria orgânica, que desempenha papel fundamental na estrutura e estabilidade do solo, retenção de água, biodiversidade e como fonte de nutrientes para as plantas. Por conta disso, a palhada mantida no plantio direto evita a separação dos agregados do solo e seu arraste pelas chuvas, o que consequentemente vai permitir melhor armazenamento de nutrientes, fertilizantes e corretivos adicionados ao sistema para cultivos subsequentes.
   A prática também é possível aprimorar o manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas, por meio do efeito positivo sobre a diminuição das plantas daninhas e a quebra do ciclo de insetos e doenças pela rotação de culturas. Além disso, também contribui no aumento de exsudatos liberados pelas raízes e na diversidade de estirpes de fixação biológica de nitrogênio, causando um impacto positivo na diversidade de espécies de fungos micorrízicos, com aumento do volume do solo explorado. 
   Ainda, a palhada contribui com processos aleloquímicos que podem favorecer os ciclos biológicos do solo. A alelopatia caracteriza-se pela produção e liberação de compostos químicos no meio ambiente, no processo de decomposição dos resíduos vegetais. Esses efeitos podem aumentar a eficiência do controle de plantas daninhas por exemplo, e diminuir o número de aplicações de herbicidas.
   Segundo a Federação Brasileira do Sistema de Plantio Direto (FEBRAPDP), o Brasil já possui mais de 36 milhões de hectares cultivados com este sistema; estes dados do levantamento mais recente, de 2020. No entanto, segundo a organização, o nosso país deve alcançar 75% de todas as áreas cultivadas sob o sistema, até 2030. Esta é uma meta muito interessante, e que reforça nosso potencial de desenvolvimento sustentável.
   Os benefícios são muitos, não é mesmo, produtor? Se por um lado, a adoção do sistema de plantio direto contribui para proteção do solo, dos recursos e do meio-ambiente; por outro, todas as suas vantagens proporcionam maior produtividade e rentabilidade à sua lavoura! É por isso que seguimos incentivando e provendo práticas como o plantio direto! Conheça mais sobre essa importante ferramenta!

Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio. 

Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group, formado em Engenharia Agronômica pela FCAV/UNESP e aluno de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP.

Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group e graduanda em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP em Piracicaba – SP.

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